quinta-feira, 1 de julho de 2010

O drama de Oliveira #3


O drama de Oliveira #1
O drama de Oliveira #2

Feito o serviço, faltava o banho. Ainda nervoso e preocupado com o que sua mulher diria às amigas depois do que viu, terminou de tirar a roupa e entrou no box. Fez-se silêncio absoluto por alguns minutos.

Segurou na torneira e sentiu o fecho gelado anunciando o que viria. O vento da janelinha bateu na nuca. Fechou-a.

Nessa situação cada um tem uma técnica especial, um método que desenvolveu em anos de sofrimento. Resolveu abrir e deixar esquentando, quando estivesse no ponto ideal, entraria.

Esperou até que o vapor consumisse todo o teto e, delicadamente com a mão esticada conferiu a temperatura da água. Não estava boa. Mais alguns segundos sentindo os pinguinhos espirrando no chão e pegando em sua perna pelada. Resolveu entrar, segurou o ar e foi.

Alguns segundos até que a respiração e os batimentos voltassem ao normal. Ainda não estava bom, precisaria de um pouco mais. Chuveiro de pobre é triste, para a água ficar quente é necessário fechar o registro de um modo que passe pouco pra pegar muito calor. Girou com um cuidado milimétrico. A temperatura aumenta e a água diminui. Mais um pouco, tá ficando bom. Desligou. Gelou tudo. Liga rápido! A mão tá ensaboada. “Chuveiro de merda!”. Ligou, tá morna. Gira mais uma vez, agora é só tomar cuidado. Tá esquentando, falta mais um pouco. Mais um pouquinho. Desligou de novo! “Droga!”. Liga, liga, liga, liga! Foi, ligou, deixa morno mesmo.

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