quinta-feira, 29 de julho de 2010

Núcleo de Dramaturgia

Eu não fiz trabalho em pai de santo, não prometi ir de joelhos à Basílica de Nossa Senhora e nem jejum de chocolate, mas que eu queria ser aprovado para o Núcleo de Dramaturgia do Sesi, ah eu queria. E FUI! Então, até que eles mudem de idéia, to dentro.

O projeto vem com uma boa proposta e experiência nas capitais. A idéia é fazer uma oficina regular de pesquisa, estudo e produção para formar novos dramaturgos, mesclando a experiência de quem já faz teatro com o talento de quem pretende se aventurar pelos palcos. Falei "talento", por isso, ainda corro um certo risco.

Só pra garantir, já adquiri meu exemplar de “O Parnorama do Teatro Brasileiro” de Sábato Magaldi, que faz uma releitura crítica do nascimento, crise e desenvolvimento da arte cênica em nossas terras, até chegar ao que é hoje. O que eu peguei, tem um apêndice que projeta uma nova tendência dos autores modernos, muito interessante.

Quem quiser saber mais sobre o Núcleo de Dramaturgia do Sesi:
http://www.sesipr.org.br/nucleodedramaturgia/
http://www.sesisp.org.br/dramaturgia/

terça-feira, 27 de julho de 2010

Conversa civilizada


Tá fazendo o quê aqui? – pedaço de madeira
nada não senhor. precisa bater não senhor! - recua
Você que é o dono da boca? - avança

FALA VAGABUNDO!
sô nada não. so de Cambé senhor – se encolhe
E perdeu o quê aqui?!
como senhor? – medo
O-QUÊ-VO-CÊ-PER-DEU-A-QUI?!
perdi nada não senhor. so morador de rua.
E precisa ficar na frente da minha loja? Não tá vendo que tem cliente entrando?
desculpa senhor – olhar baixo
Vai arrumar um serviço muleque! - espanta
crackeado não para em serviço não senhor. ninguém pega.
Como você quer arrumar serviço? Não sabe nem ser gente!

O que a gente não faz por uma boa história


Na volta do Matéria Prima eu fui parar na Vila Esperança, que fica atrás da Uem. Ir aos bairros procurar pautas é um desafio, pode ser que você encontre de cara uma figurona que escreve salmos na parede de casa ou bater perna o sábado inteiro e não ver mais que casas e comércio. Na dúvida, prestamos atenção em tudo.

E não tinha nada. Andei por umas 15 ruas e só achei jardins, uma pichação e três casas tocando Justin Bieber. Até que encontrei um salãozinho minúsculo com uma placa pendurada dizendo: Salão do Cidinho. Na pior das hipóteses ele conheceria alguém interessante.

Foi aí que eu tive a brilhante idéia: Pra não atrapalhar o serviço, corto cabelo e converso com o Cidinho. Não que eu precisasse, aliás, não fazia nem uma semana que tinha aparado a juba. Mas a princípio a idéia pareceu boa.

Entrei e o simpático senhorzinho (1,5m aproximadamente) de bigode alinhado e impecável jaleco branco me recebeu com um sonoro: tenho um corte que vai ficar ótimo em você. Pronto, a simpatia dele já tinha ganhado.

Nas mãos firmes empunhando os instrumentos já se iam mais de quarenta anos detesoura. Os primeiros em Munhoz de Melo, onde nasceu e morou até se casar. “Mas antes trabalhei na lavoura, era assim antes né?”, disse Cidinho, enquanto passava a máquina sem dó de me deixar careca. Como pedir pra ele parar se ficou tão animado com meu cabelo?

Foi quando eu perguntei como aprendeu a cortar cabelos. Ele parou, me olhou e disse: “Ainda bem que você me perguntou isso agora, que já comecei. Porque eu aprendi num sonho.” Pára tudo. “Como assim num sonho seu Cidinho?!” Eu não sabia se ria ou chorava. Minha pauta tava garantida, mas meu cabelo poderia estar indo pro saco.

Enfim, o resto fica pra semana que vem, quando a matéria estiver pronta e meu cabelo, normal de novo. Não dá pra entregar o ouro todo aqui. Até lá, quem quiser um corte de cabelo e uma boa prosa, Salão do Cidinho, na Rua Vitória, Vila Esperança.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Recorte: Como dizia Platão


Foi sem querer, mas eu percebi quando ela olhou. Porque eu fui tropeçar no corredor? O pior foi o cara de bobo. Deixa pra lá, fiquei sabendo que ela curte Bob Dylan e toca violão. Não é muito comum achar alguém assim hoje em dia. Ontem ouvi ela cantarolando um pedaço de Blowing in the Wind. É meio melosa, mas eu gosto. E ela falou da lua quando eu tava olhando. Também gosto de admirar a lua. Daqui dá pra ver como ela fica linda quando escurece. O laranja perto dos prédios e o anil tingindo aos poucos o que era dia. Interessante como de um tempo pra cá vem ficando mais bonito. Porque eu to tremendo?

terça-feira, 20 de julho de 2010

Recorte: A Falta


Ela não sorri mais. Só olha pra baixo e parece com medo. “Infarto é muito comum, acontece com todo mundo”, foi o que eu disse, não sei se ajudou muito. Acho que faltou um abraço, mas não dá pra fazer isso aqui na empresa. Ela nem riu da piada do computador. Ajudou na vaquinha, mas não tomou coca-cola. Beliscou um pouco do salgadinho. Às vezes ela fica mais de quinze minutos no banheiro, deve estar chorando. Perder o pai assim também, né? É tenso. Nem sei o que eu faria se perdesse o meu. Ela tá bem pra baixo, eles deveriam ver isso, dar uma folga, sei lá. Não que ela fosse animada, mas ria de algumas piadas. Não gostava dela, mas agora to sentindo uma pena. Vou ligar para o meu pai hoje à noite.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Filme: [Rec]


Segunda é dia de Indicação de filme, e isso é uma coisa muito pessoal. Quem faz, finge que entende, comenta sobre direção, fotografia, o passado dos atores, fala sobre Cannes e a injustiça do Oscar desse ano. Mas no fundo, é como falar de futebol ou política, depende do ponto de vista.

Falando em ponto de vista, eu, particularmente curto muito os filmes em primeira pessoa. É mais fácil de você se identificar com a cena, ainda mais quando é de terror, que envolve ação, suspense e os sustos básicos. Nessa linha, já tinha visto Cloverfield e Atividade Paranormal, mas nenhum foi como [Rec]*.

Repórter e cinegrafista de uma tv espanhola acompanham a equipe de bombeiros da cidade no trabalho noturno. Depois de alguns minutos na corporação, eles são chamados para uma ocorrência sobre uma velha e um bando de gatos presos num apartamento. Tá bom, é clichê, mas o sustos compensam. Desde o primeiro minuto acompanhamos a visão do cinegrafista, que não larga a câmera nem quando é atacado(!). A dinâmica das fugas, os gritos da repórter estérica e as crianças contaminadas dão um toque bem real para o filme. Quem gostar da idéia, assista em espanhol, não é difícil entender e o som é muito melhor.

*Curiosidade: O primeiro susto, próximo à escada, é real. Os atores não foram avisados.

[Rec] 2 – Tem previsão para estrear em Agosto deste ano.


[Rec]
[Rec]

Espanha , 2007 - 85 mins
Terror

A indústria da palestra


Quer saber como lucrar mesmo em época de crise?
Vem na minha palestra que eu te conto.

É só sair a palavra “crise” nos noticiários que explodem palestrantes com a fórmula mágica para te deixar rico e feliz. Numa sexta-feira fria e chuvosa, fechei minha semana com uma bela apresentação sobre Marketing, Tabus e Paradigmas, divertido não?

Já participei de várias dessas, mas, no fundo, sempre achei que fosse o mesmo cara, só mudava o terno. São empresários (apresentam a empresa vitoriosa), consultores (deixam contato, para posteridade), casados e têm uma netinha de oito anos. São simpáticos, falam alto, apertam forte sua mão e já têm mais de 30 anos no comércio. “Mas comecei como vendedor, batendo de porta em porta e levando não de cliente!”, deixam claro.

Acho que pra ser palestrante você tem que ter uma espécie de egocentrismo, uma vontade incontrolável de ser o centro das atenções. Porque o assunto é sempre o mesmo. Na verdade parece um grupo de auto-ajuda, que as pessoas já ouviram tudo aquilo, mas vão para encher sua bola. Ontem, fiz questão de anotar as expressões comuns domine-as, e torne-se também um palestrante de sucesso:

Você tem que sair da zona de conforto e ter ousadia para fazer diferente, o mundo está mudando e para se destacar é necessário quebrar tabus e paradigmas, para isso, administre seu tempo e mantenha sempre uma continua vontade de aprender, principalmente sobre o seu Cliente, é um excelente fator de aproximação, assim você conseguirá navegar no oceano azul. Pronto.

Insira slides de pessoas sorrindo, e distribua pela apresentação palavras mágicas em inglês que todo mundo já ouviu e finge que entende para não fazer feio: share, business, network, one-to-one, management, relationship e feedback.

Agora que você já é um palestrante, decore piadas para sua apresentação. É fundamental que você seja engraçado porque a imagem do homem de negócio mal humorado e carrancudo não vende. Diga que acorda cedo, que conhece um a um seus clientes, que leu “O monge e o executivo”, fale sobre Ford, os 4 P’s do Marketing e que entende de arte. Depois, quando todo mundo estiver cansado de tudo isso, aplique uma dinâmica de interação grupal.

Finalize falando de sustentabilidade, tá na moda. Enquanto o slide passa imagens bonitas, repita com fervor: “Um copo descartável que eu não desperdiço, pode mudar o rumo do planeta!”. Comente sobre Al Gore e “Uma verdade Inconveniente”. Para acordar o pessoal de novo, distribua uma folha com o título “Para refletir! Que ações de sustentabilidade poderemos implementar a partir de agora?”.

Pra fazer uma média, sorteie um brinde, pode ser o livro que você escreveu(?) com base nesse conteúdo tão original (?), o sortudo(?) pode dar para um inimigo ou deixar sobre a mesa para ganhar status com o patrão. Deseje sucesso e fique na porta para cumprimentar todos, não esqueça de dar seu cartão de consultoria.

E, ironicamente, coloque como titulo: Marketing, Tabus e Paradigmas.

PS¹: Prepare um coquetel de salgadinhos e coca-cola na saída, isso deixa uma boa impressão.

sábado, 17 de julho de 2010

Univer$idade


A gente reclama da faculdade, mas no fundo, sente falta. Não das aulas, lógico. Deve ser da galera, do hamburgão do bloco 5 ou mesmo do gostinho de reclamar da faculdade, nas férias nem reclamar podemos. Deve ser por saudade disso tudo que li a matéria “Reforma Universitária”, na edição de junho da Caros Amigos.

O artigo assinado por Otaviano Helene e Lighia B. Horodynski-Matsushigue explica bem a situação, apontando as principais deficiências dos projetos de lei propostos para a área da educação e a mercantilização do ensino superior no país (confira o link do artigo, vale a pena). Um dos principais pontos discutidos é a redução do número mínimo de docentes com doutorado para uma instituição ser considerada universidade.

Na atual legislação, é obrigatório para uma universidade ter 25% de docentes com doutorado. Na proposta, a necessidade passaria para um terço, mas igualando mestres a doutores, o que praticamente exclui os últimos porque o custo é maior. Redução de custos, são empresas, oras.

Muito interessante e até uma incrível coincidência ler isso agora, logo quando o curso de comunicação do Cesumar está perdendo as duas únicas doutoras que mantinha no corpo docente. Em contrapartida, mantém na grade curricular do curso de Jornalismo, matérias como Planejamento Gráfico (ensina: impressão off-set, design gráfico e tratamento de imagens) e Gestão de Empresas Jornalística (administração básica, que, de jornalística, não tem nada).

Entre outras arbitrariedades, o artigo aponta que a reforma também desestimularia a pesquisa. No início do ano eu participei de um seminário de iniciação científica que propunha auxiliar os acadêmicos á ingressar projetos vinculados a instituição. No entanto, durante os quatro sábados de palestra a única coisa que nós dominamos foram os requisitos básicos para ganharmos bolsas do Cnpq. E o pior, isso era exatamente o que a maioria queria saber mesmo, do dinheiro.

Mas o que podemos esperar de uma instituição de ensino privada? (desculpem o trocadilho).

O grande problema é que essas empresas apresentam um ensino superior maquiado por mega-estruturas, equipamentos avançados e marketing de ponta. Lógico, o objetivo é vender e imagem é tudo. Enquanto o setor público senta em carteiras quebradas e perde aula por falta de professor. Fode tudo quando lembramos que a balança, que pode beneficiar ou prejudicar, está nas mãos de políticos (influência, dinheiro e poder).

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Cidadão de Papelão


Nesses dias de inverno aqui em Maringá, quando até tomar banho se torna uma tarefa complicada, me encontrei com esses trapos que alguém costuma chamar de casa. Só as roupas que vestimos já somam mais peças do que este sujeito tem para passar a madrugada toda.

O que mais incomoda é que a “casa” fica – já há alguns meses – na praça de uma igreja, onde fiéis – a quem? – e pessoas de bem – pra quem? – passam diariamente com o sentimento de dever cumprido. Dentro do corpo pastoral – lê-se departamentos – há, inclusive, um chamado Promoção Humana que objetiva – e deveria - atender à comunidade com alimentos, assistência médica e, no caso, agasalhos.

Que as vossas orações, então, aqueçam o coração dos desabrigados. Amém nóis tudo.

Pra quem quiser realmente ajudar:
Alberque Santa Luiza de Marillac
Rua Fernão dias 840, Fone: 44 32241673

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Filme: (500) Dias com ela


Aos sábados não dá pra durmir cedo, então, seja qual for o programa escolhido, sempre sobra espaço para um filme. E isso parece um consenso entre os maringaenses, visto que é quase impossível encontrar um lançamento na prateleira.

Inaugurando a seção (ou seria sessão) sobre filmes que pretendo postar toda segunda-feira, trago o bonitinho (500) Dias com ela. Baseado no clássico boys meet girls dos romances hollywoodianos, conta os quinhentos dias de relacionamento entre o escritor de cartões comemorativos Tom (Joseph Gordon-Levitt) e Summer (Zoey Deschanel), que trabalhava como secretária na mesma empresa.

A história toda não segue uma narrativa linear, ela transita entre os dias do relacionamento para contar como que ele se desenrola. Essa atemporalidade dá um ritmo muito interessante à estória que consegue se explicar por detalhes subescritos. Outro ponto muito interessante é a ambientação que o filme dá acompan
hando o humor de Tom, a trilha sonora alegre e as cores vibrantes quando ele está feliz e uma melancolia em tons de cinza quando acontece as crises.

O modo de tratar o amor também é muito interessante, diferente da fórmula água com açúcar dos filmes do gênero. Destaco a escolha dos protagonistas que contracenam numa harmonia muito legal e o final, que não deixa a desejar. Sem dúvida uma bela escolha para um sábado à noite.





(500) Dias com ela
(500) Days of Summer

EUA , 2009 - 95 mins
Comédia romântica

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Pra quem gosta de Cazuza

Coincidência infeliz a morte de Ezequiel Neves no mesmo dia que é lembrado o 20ª aniversário da morte de seu amigo e parceiro Cazuza. Ezequiel foi uma espécie de mentor do Barão Vermelho, nos bons tempos dos anos 80.

Com um conhecimento e instinto apurado sobre música, era também jornalista e compositor, sendo, inclusive, um dos autores de Exagerado e Codinome Beija-Flor.

Como bom leigo, conheci a história de Ezequiel (e sua relação com história da música) em parte pelo filme, que conta bem isso. Há quem goste, há quem incrimine. Eu, particularmente, sempre curti o som e a emoção que as letras do Barão e Cazuza transmitem. Pra quem que, como eu, admira a composição, fica um dos clássicos.

Entre flores e amores na Vila Bosque

Numa casa rodeada de flores, à altura do número 21 da rua Ipê, moram o jardineiro aposentado Eugênio Crouchat a mulher dele, Adenir Rabim Crouchat, que além da idade, 77, e dos cabelos brancos, têm em comum um antigo amor por flores. Pioneiro na região, seo Eugênio orgulha-se de ter cultivado vários jardins, inclusive a maioria dos que enfeitam a Vila Bosque, na região central de Maringá.

Dona Adenir conta que conheceu seo Eugênio durante o Terço de São João. "Hoje o pessoal chama de Festa Junina, mas lá no interior era o Terço. A gente viu levantar a bandeira e depois começamos a passear." Em pouco tempo veio o namoro e com isso, as flores. "Ele vinha de longe a cavalo ou de bicicleta, trazendo sempre uma florzinha nova. Me enchia de mudinhas", ri, envergonhada

Segundo o terapeuta Manuel Bueno de Oliveira, algumas pessoas tocam instrumentos, pintam, desenham e outras, como seo Eugênio, cultivam flores como hobby. "De uma forma ou de outra o cérebro busca distração. Assim como o corpo precisa de bom alimento, a cabeça também precisa." Dona Adenir conta que, devido à idade e algumas complicações de saúde, seo Eugênio pouco se lembra dos tempos em que era jovem. "Só sei que ele sempre gostou de flores, a casa dele, no sítio, era a coisa mais linda."

Quando vieram para Maringá, por volta de 1960, havia poucas casas e muitas estradas. Seo Eugênio conseguiu um emprego na prefeitura, como zelador do cemitério municipal, e lá dava vida às flores que encontrava. "Era um carrapicho que só, quando eu entrei ali [no cemitério]. Aí, juntamos cinco homens e limpamos tudo", lembra, orgulhoso.

Segundo o terapeuta, "além de distrair, práticas como a jardinagem funcionam como uma maneira de reproduzir os costumes que o seo Eugênio tinha quando morava no campo". Ele, que também é especialista em terapias alternativas, acrescenta que "repetir essas práticas mais simples funciona como um alimento para a alma, uma nostalgia. Ao manter isso, é como se ele [Eugênio] estivesse resistindo à evolução do mundo".

Depois de 22 anos na prefeitura, seo Eugênio se aposentou e passou a fazer bicos para ajudar na renda de casa. "Ele ficou mais 12 anos fazendo jardim do pessoal que ligava aqui. Todo dia ele juntava a carriola, as ferramentas e saía. Até em Paiçandu [distante 14 km de Maringá] ele já foi", conta dona Adenir. "Aí me arrebentou a saúde", complementa seo Eugênio. Com o esforço, ele desenvolveu uma arritmia cardíaca, que o forçou a parar de trabalhar, restando somente o próprio jardim para cultivar.

"Foi difícil desacostumar o povo, eu que tinha que controlar", comenta a mulher, "Às vezes ligavam aqui e eu dizia que ele não podia. Depois de meses, o Eugênio comentava que fulano nunca mais ligou e eu dizia: 'De certo não tá mais precisando'". Segundo o terapeuta Manuel de Oliveira, esse cuidado expresso por dona Adenir é tão importante para a saúde de seo Eugênio quanto a distração com as plantas. "Uma alma doente pode trazer doenças para o corpo. Por isso práticas como essa são essenciais quando se chega à essa idade.”

Hoje, o jardim da casa florida tem mais de 50 tipos de flores que seo Eugênio faz questão de cuidar uma a uma. "Às vezes eu brinco que se ele plantar um prego, o prego brota", comenta dona Adenir. E entre a diversidade de cores e formas, seo Eugênio aponta como preferida a que escolheu para enfeitar o portão. "É aquela, se chama amor-juntinho".

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Simpático casal


Quando pequeno eu me assutava sempre que passava nessa lojinha de artefatos exotéricos que fica ali na avenida Brasil. Hoje, com a câmera, aproveitei o que minha pressa deixou, quem sabe volto lá pra saber um pouco mais da história do lugar.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Vice, moeda de troca


Depois que passar a copa, independentemente de o Brasil ser hexa ou não, entrará em campo a campanha eleitoral. Como no período antes do campeonato mundial, para as eleições também há muita especulação a respeito dos selecionados que irão para a disputa.

Como previa o deputado Ciro Gomes, a disputa nacional vai ficar polarizada entre tucanos e petistas. Até aí tudo bem, há um bom tempo é assim aqui no Brasil, só achei interessante a escolha dos vices:

Dilma tem como sombra o ex-presidente da câmara dos deputados, Michel Temer, dinossauro do cenário político brasileiro. A indicação funciona como um pagamento ao PMDB em troca do tempo no horário eleitoral e apoio nos bastidores. Outro ponto é que a candidata petista surgiu como um nome desconhecido e uma via política de coadjuvante, logo, precisava de um nome experiente e com grande influência no ninho.

Serra sonhou com Aécio, namorou Álvaro e acordou com Índio. Como o DEM compõe a chapa do presidenciável José Serra, trocou os preciosos minutos eleitorais pela cadeira de vice. Índio da Costa é deputado federal pelo Rio de Janeiro e orgulha-se de ser relator do Projeto Ficha Limpa. Esse último ponto, podem apostar, será exaustivamente trabalhado na campanha de Serra.

Foi-se o tempo em que alianças e cargos eram decididos pela ideologia. Hoje o posicionamento político vale muito menos que três minutos do horário eleitoral e mudar de PT para PSDB é como trocar Palmeiras por Corinthians. Oposicionista que ganha disputa vira direita, conservador que precisa criticar se diz radical.

O pior, é o pensamento funcionalista de que: quanto maior o espaço na televisão, maior será a votação em outubro.

O afrouxamento das bases ideológicas dos partidos reflete no público que desenvolve uma apatia perigosa. O povo, quando critica ou elogia, utiliza-se dos mesmos termos que a mídia divulga. Quando a gente menos percebe, estamos sabendo muito mais dos podres pessoais dos políticos do que sobre a política de governo e trabalho.

O drama de Oliveira #3


O drama de Oliveira #1
O drama de Oliveira #2

Feito o serviço, faltava o banho. Ainda nervoso e preocupado com o que sua mulher diria às amigas depois do que viu, terminou de tirar a roupa e entrou no box. Fez-se silêncio absoluto por alguns minutos.

Segurou na torneira e sentiu o fecho gelado anunciando o que viria. O vento da janelinha bateu na nuca. Fechou-a.

Nessa situação cada um tem uma técnica especial, um método que desenvolveu em anos de sofrimento. Resolveu abrir e deixar esquentando, quando estivesse no ponto ideal, entraria.

Esperou até que o vapor consumisse todo o teto e, delicadamente com a mão esticada conferiu a temperatura da água. Não estava boa. Mais alguns segundos sentindo os pinguinhos espirrando no chão e pegando em sua perna pelada. Resolveu entrar, segurou o ar e foi.

Alguns segundos até que a respiração e os batimentos voltassem ao normal. Ainda não estava bom, precisaria de um pouco mais. Chuveiro de pobre é triste, para a água ficar quente é necessário fechar o registro de um modo que passe pouco pra pegar muito calor. Girou com um cuidado milimétrico. A temperatura aumenta e a água diminui. Mais um pouco, tá ficando bom. Desligou. Gelou tudo. Liga rápido! A mão tá ensaboada. “Chuveiro de merda!”. Ligou, tá morna. Gira mais uma vez, agora é só tomar cuidado. Tá esquentando, falta mais um pouco. Mais um pouquinho. Desligou de novo! “Droga!”. Liga, liga, liga, liga! Foi, ligou, deixa morno mesmo.