sexta-feira, 21 de maio de 2010

O drama de Oliveira #2

Se você não leu a parte 1, clique aqui.Alcançou um moletom velho que ganhou no natal de 95, jogou as roupas molhadas no cesto de roupa suja e foi ver para a cozinha ver se a janta tava pronta.

- Tá mais calma?
- Não.
- O que tem pra janta?
- O mesmo de sempre.
- Vai ficar assim até quando?
- Até você parar de encher o saco.

Desistiu e foi tomar banho.

O banho no inverno é uma provação extrema da coragem humana. Sair do aconchego quente e macio de um moletom para enfrentar o chuveiro pode causar conseqüências irreversíveis.

Fechou a porta, parou em frente a pia e permaneceu longos minutos observado o box, o chuveiro, a janela do banheiro, a toalha e os ladrilhos. O tempo de indecisão foi suficiente para sentir vontade de “passar um fax”. Outro drama é usar o vaso no inverno. É um problema que assusta de dez entre dez pessoas no mundo. Até o mais machão dos homens treme ao se ver nesta situação.

Pensou em fazer no banho, mas o chamado era da porta dos fundos. Sem saída, aproximou-se do bendito, que parecia sorrir para ele. Encarou-o profundamente, imaginando que ele esteve lá o dia todo se resfriando para pegar um azarado. Virou-se. Segurou no cós da calça e ameaçou puxar, não deu coragem. Flexionou os joelhos. Mais uma tentativa e abaixou um pouco. Sentiu o vento encontrar o cofre. Respirou fundo e flexionou um pouco mais os joelhos. Agora vai. Abaixou de uma vez, mas não teve coragem de sentar. O frio veio como um tapa, mas era melhor acostumar-se antes de sentar de vez. Apoiou os cotovelos no joelho e respirou fundo.

- QUE PORRA É ESSA OLIVEIRA?!
- FECHA A PORTA CARALHO!!

Com o susto caiu de costas e não pode evitar o pior.

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