sexta-feira, 18 de março de 2011

Negação

Parece que engoliu um ralo. Vasculha com os olhos a imensidão de coisa alguma, procurando não se sabe o quê. De qualquer forma nada que encontrasse preencheria aquele espaço que não foi guardado, mas insiste em estar lá. Lá onde nada mais estava. Difícil mesmo era um sonhador entender que a procura por si só já não fazia mais sentido.

À sua frente uma tela em branco, que poderia bem servir de espelho. Espalhados sobre a mesa uma crença mal mastigada e pedaços de bandeira social-democrata sobre uma revista de quadrinhos. Os rabiscos, de traço rasgados e imprecisos, não se encaixam nem entre os pós-modernos. Não usa óculos, só um cartão de crédito entre dúzias de canhotos.

Inventava manias para justificar seus hábitos estranhos.

Inventava os hábitos para fugir do mundo.

Inventava um mundo para viver manias.

Inventava um mundo em que só um estranho habita.

Nas paredes da casa que não é sua, lembranças mal divididas: meio angústia, meio vivida. Entre os retratos, uma janela que não tem vista para lugar nenhum, ainda assim meio encoberta por uma cortina de receio. Na cama que ninguém mais deitou, o resto de relações mal resolvidas: um amor que nunca existiu, uma decepção que nunca esqueceu e meia dúzia de beijos mal sonhados.

Mesmo assim não era infeliz, o pobre. Era passagem. Era ponte. Era degrau. Era número de inscrição fiscal. Era inquilino da vida dos outros. A terceira pessoa no plural. Era cabelo, barba, pêlo. Era aquela sensação de ausência. Aquela sempre falta. Um passado mal resolvido. Um otimismo desnecessário. Talvez seria medo, se arriscasse, mas não valia nem o suicídio. Porque era ralo.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Crescimento financeiro em até dez vezes sem juros

A dinâmica do mercado de ações e a promessa de rentabilidade em longo prazo ascende o interesse de um novo tipo de investidor


Segundo o operador de ações Felipe Bernardes, existem cinco maneiras de ficar rico: nascer em berço de ouro; casar com um milionário; possuir um talento especial; acertar os números da mega-sena ou o mais comum e acessível, economizar e investir da maneira correta. Sobre os quatro primeiros ele diz que não ter muito a fazer, mas quanto ao último a sua palestra intitulada “Desmistificando a bolsa de negócios” iria ao menos despertar o potencial investidor de cada um dos participantes

“Apesar de não estar nos grandes centros, o per capita de Maringá é de um padrão maior do que o da maioria das cidades. Além de que, é um mito essa tal história de só investe quem tem muito dinheiro.” comenta Bernardes, que diz ter feito seu primeiro investimento aos dezesseis anos, assim que começou a trabalhar com o avô.

O otimismo de Bernardes é o mesmo de quem vê a crescente migração de investidores para a Bolsa brasileira nos últimos anos. Conforme dados da BM&FBOVESPA, em 2000 eram 70 mil pessoas investindo, hoje o número chega a 530 mil e a expectativa é de que em cinco anos a bolsa de valores alcance a marca de cinco milhões de investidores. Aspectos como o novo padrão de consumo e o aumento da expectativa de vida obrigam as pessoas a organizar melhor seus gastos e planejar em longo prazo, em contrapartida a diminuição da taxa de juros desestimula aplicações em renda fixa e faz da dinâmica da bolsa de valores uma oportunidade muito mais atraente.

Além das palestras sobre a Bolsa de Valores, Bernardes dá aulas para uma turma de MBA em Gestão Empresarial e Negócios no Cesumar (Centro Universitário de Maringá) e orienta investimentos por meio de uma corretora. “Tenho todos os tipos de perfis de clientes. Daquele que guarda todo mês, passando por aquele que já conseguiu uma quantia interessante e quer aumentar, até o que precisa preservar seu capital, pois não tem mais idade para trabalhar.” complementa. Entre os dispostos a começar os investimentos estava o assistente de eventos Raoni Robson Ruiz, de 19 anos.

Com renda de aproximadamente R$ 700, Raoni soube na palestra que se começar a investir R$ 100 por mês em ações de renda fixa - como a poupança, que gera cerca de 7% de juros ao ano – aos cinqüenta anos teria rendimentos que garantiria a compra à vista de um carro popular. Mas se fizesse o curso “Aprenda a investir na bolsa de valores” e dominasse as estratégias básicas do mercado de ações, teria boas chances de garantir uma aposentadoria milionária.

“Já até fiz a inscrição e pretendo começar o curso com essa primeira turma. Acho que é uma chance muito boa para aprender um novo jeito de ganhar dinheiro”, comenta Raoni. O curso é oferecido pela empresa palestrante e novo investidor tem a possibilidade de parcelar em até dez vezes sem juros no cartão de crédito.

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