sábado, 17 de julho de 2010

Univer$idade


A gente reclama da faculdade, mas no fundo, sente falta. Não das aulas, lógico. Deve ser da galera, do hamburgão do bloco 5 ou mesmo do gostinho de reclamar da faculdade, nas férias nem reclamar podemos. Deve ser por saudade disso tudo que li a matéria “Reforma Universitária”, na edição de junho da Caros Amigos.

O artigo assinado por Otaviano Helene e Lighia B. Horodynski-Matsushigue explica bem a situação, apontando as principais deficiências dos projetos de lei propostos para a área da educação e a mercantilização do ensino superior no país (confira o link do artigo, vale a pena). Um dos principais pontos discutidos é a redução do número mínimo de docentes com doutorado para uma instituição ser considerada universidade.

Na atual legislação, é obrigatório para uma universidade ter 25% de docentes com doutorado. Na proposta, a necessidade passaria para um terço, mas igualando mestres a doutores, o que praticamente exclui os últimos porque o custo é maior. Redução de custos, são empresas, oras.

Muito interessante e até uma incrível coincidência ler isso agora, logo quando o curso de comunicação do Cesumar está perdendo as duas únicas doutoras que mantinha no corpo docente. Em contrapartida, mantém na grade curricular do curso de Jornalismo, matérias como Planejamento Gráfico (ensina: impressão off-set, design gráfico e tratamento de imagens) e Gestão de Empresas Jornalística (administração básica, que, de jornalística, não tem nada).

Entre outras arbitrariedades, o artigo aponta que a reforma também desestimularia a pesquisa. No início do ano eu participei de um seminário de iniciação científica que propunha auxiliar os acadêmicos á ingressar projetos vinculados a instituição. No entanto, durante os quatro sábados de palestra a única coisa que nós dominamos foram os requisitos básicos para ganharmos bolsas do Cnpq. E o pior, isso era exatamente o que a maioria queria saber mesmo, do dinheiro.

Mas o que podemos esperar de uma instituição de ensino privada? (desculpem o trocadilho).

O grande problema é que essas empresas apresentam um ensino superior maquiado por mega-estruturas, equipamentos avançados e marketing de ponta. Lógico, o objetivo é vender e imagem é tudo. Enquanto o setor público senta em carteiras quebradas e perde aula por falta de professor. Fode tudo quando lembramos que a balança, que pode beneficiar ou prejudicar, está nas mãos de políticos (influência, dinheiro e poder).

Nenhum comentário:

Postar um comentário