terça-feira, 29 de junho de 2010

Religião e Juventude Pós-moderna


“Realizar encontros semanais, com dez, no mínimo. Se chegar a seis, é pouco. Se passar de quinze, é muito. Tem que ler a bíblia e falar de Deus. Tem que ter música, de preferência sacra. Tem que ouvir a opinião de todos, desde que sejam coerentes com a doutrina. Aborto, sexo, drogas, pedofilia e métodos contraceptivos são assuntos de cartilha, não ouça o contrário. Retire a sua e distribua.

Tem que rezar, não muito, para não confundir. Tem que participar, bastante, de tudo, sempre. Siga o calendário, participe de todas as reuniões, de todos os círculos. Não perca o horário. Se perder, justifique, se não pra mim, pra Ele. Tem que conversar, não muito para não parecer bagunça. Tem que ser animado, como é a juventude. Mas não muito, porque somos igreja. Aceite e distribua.

Peça perdão se não seguir nada disso. “

É tanta regra que a diversão fica pra segundo plano. Vira uma expressão forçada de participação, um modelo de sorriso pronto, para quem quiser vestir. Se nem quem se dedica consegue falar no mesmo tom, o que pedir daqueles que pouco se importam?

O legado se arrasta, deixando no caminho as palavras que um dia gritaram por revolução. O que fica é uma obrigação com o que foi feito, somado à esperança de repetir. Se não der certo, a culpa não é nossa, estamos fazendo a nossa parte. Somos injustiçados, não tá vendo?

Burocracia é sinal de fragilidade. Forma apelativa de se manter o controle. Ou, no caso, de acreditar que uma tradição é mantida. Como um corpo que, cansado, perde a carne e, insistentemente, se sustenta sobre os ossos.

É a fragmentação de uma ideologia. Poucos nostálgicos em massagem cardíaca num gigante, que não sabe nem quem é. O próprio gigante perdeu memória e, bêbado, cambaleia entre vícios e virtudes oferecidos. Demônio? Besteira. É fácil por a culpa nos outros. Somos injustiçados não tá vendo?

Talvez não seja o mundo que está errado.

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