quarta-feira, 16 de junho de 2010

Doações enchem o prato de quem tem fome


Para que os produtos descartados pelo produtor cheguem à mesa de quem precisa, é necessário o empenho de muitas pessoas

Mal amanhece e centenas de produtores de Maringá e região já formam filas para descarregar e conseguir o melhor preço junto aos depósitos de hortifruti. Com uma circulação de aproximadamente 480 veículos e 1.900 pessoas por dia, a Ceasa (Central de Abastecimento) da Secretaria de Agricultura em Maringá abastece todo o mercado noroeste com frutas, verduras e legumes no atacado

Antes de fechar negócio os produtos passam por uma criteriosa avaliação dos depósitos para garantir que estejam nos padrões de mercado. Para isso, vendedores como Adalberto Bula, 41, são treinados para reconhecer qualquer mancha ou marca diferente. “A melancia tem de estar dura e não pode ser torta. O tomate, se estiver maduro demais, já não serve, porque depois tem pouco tempo para vender”. Critérios como cor, peso e consistência também são conferidos. “O mercado é muito exigente, se não estiver do jeito certo, não vende”, diz Bula, que trabalha na Ceasa há 25 anos.

O que é descartado vai para o Banco de Alimentos que funciona num “puxadinho” próximo aos depósitos. Lá, os alimentos ficam estocados para que, das 10h às 13h30, as entidades beneficentes cadastradas possam retirar a doação. A coordenadora do Banco de Alimentos, Leila Bogdanavicius, diz que cerca de três toneladas de produtos são descartados por dia e, às vezes, o número de funcionários alocados para a distribuição não é suficiente. “Quando falta [funcionários] até a gente [administração] veste o uniforme vem ajudar”, diz Leila, com um colete azul escrito “distribuição”.

Para controlar a retirada das doações, o Banco de Alimentos da Ceasa organiza uma escala que divide as entidades entre os dias da semana. Como no caso do Albergue Santa Luiza de Marillac, de Maringá, que toda quarta-feira disponibiliza dois funcionários com uma Kombi de arrecadações para ir buscar os alimentos. O presidente do albergue, Osvaldo Zanollo, diz que os alimentos vindos da Ceasa garantem um bom complemento para o almoço que é servido. “É muito importante que não pare esse trabalho porque, só aqui, atendemos cerca de 80 pessoas por dia”, conta Zanollo.

Uma dessas pessoas é Darci Rosa da Silva, 41, que há 20 dias está se tratando de uma infecção na perna na Santa Casa de Maringá e durante esse período faz as refeições regularmente no albergue. “A comida é sempre boa. Se não fosse aqui, eu não sei aonde eu iria comer”, diz, enquanto saboreia um macarrão ao molho com rúcula e salada de tomate vindos da Ceasa.

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