quarta-feira, 16 de junho de 2010

“É o nosso primeiro contato com o leitor”

Natália Garay, repórter da RPC/TV Cultura, defende a importância da prática para a formação do jornalista

Vestindo um cachecol de lã branco que lhe cobria todo o pescoço, a jornalista Natália Garay, enfrentou o frio do inverno maringaense e voltou ao Cesumar (Centro Universitário de Maringá), onde se formou em jornalismo há seis anos, para conceder entrevista ao jornal Matéria Prima

Com postura e olhar próprios de uma repórter de televisão, Natália atendeu às perguntas com a atenção de quem entende os dois lados. Ela que atualmente é repórter da RPC/TV Cultura, afiliada á Rede Globo, compôs a equipe jornal Matéria Prima de 2003, quando estava no terceiro ano do curso.

Acostumada a ser a entrevistadora, ela trocou de lado e comentou sobre a importância da formação do jornalista, a experiência no jornal laboratório do Cesumar e o mercado de trabalho. Confira abaixo alguns trechos da entrevista

Na sua opinião, qual a importância da formação superior para o exercício do jornalismo?

Eu acho que é fundamental a partir do momento que a sociedade precisa de uma informação ética, com qualidade, democrática e um jornalismo com alto nível de capacidade técnica. Só um jornalista que passa por essa formação é capaz de dar isso à sociedade, essa informação ética e precisa.

O nível de preparação teórica e prática que o ensino superior proporciona é suficiente para que o recém graduado consiga entrar no ritmo de uma redação?

O jornalismo você aprende ali, diariamente. A parte prática é muito importante. A realidade, quando a gente vê, é bem diferente da teoria. Só que essa formação da faculdade contribui bastante, principalmente por essa questão da ética. Você aprender sobre imparcialidade, de ter que ouvir todos os lados, isso você tem na formação da faculdade mesmo.

Você participou do jornal Matéria Prima em 2003, quando estava no terceiro ano. Quais foram os principais pontos que acrescentaram à sua formação?

O Matéria Prima é o nosso primeiro contato com o leitor e com a sociedade. Até então era uma relação entre aluno e professor. É quando a gente tem o retorno, sente o peso da responsabilidade, o que é você passar uma informação, tentar divulgar uma notícia. É aquele choque. Você fala: “O que eu colocar aqui realmente vai estar atingindo alguém, eu vou estar informando e não posso errar, tenho que conferir tudo direitinho”. Porque até então não tem muito compromisso. Com o Matéria Prima você sente o compromisso de fazer bem feito, de fazer direito. Como quando aprendemos a questão do título, que é bem diferente da televisão, mas é sempre o que vai chamar a atenção, como resumir aquilo. Isso foi imprescindível para a minha formação. Foi a primeira vez que eu fiz uma crônica. Eu acho até que só no Matéria Prima que eu pude opinar sobre alguma coisa (risos)

Na metade do ano passado o STF (Superior Tribunal Federal) decidiu pela não obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Você que já estava empregada na época, sentiu alguma reação da empresa, na questão de admissão e demissão de funcionários?

Não, não mudou nada. Eu acho que daqui a alguns anos possa interferir. As empresas sérias continuam dando total prioridade para quem tem diploma. E elas, cada vez mais, buscam isso, quem se especializa dentro de uma área ou busca uma outra formação, quem vai além com certeza vai continuar sendo beneficiado. A não exigência do diploma, pelo que eu vejo, não mudou nada. O mercado, nesse sentido, continua o mesmo.Fala-se muito sobre mercado saturado, principalmente aqui em Maringá e região

O que é necessário para que um recém graduado consiga espaço?

No mercado saturado a gente conta até com um pouquinho de sorte [risos]. Estar na hora, momento e local certos. Desde o início eu queria televisão então, já no segundo ano, comecei a visitar. Nós somos prejudicados um pouco por não termos a oportunidade do estágio, mas desde o início eu fui atrás dos programas de treinamento que as empresas oferecem. Eu sempre acompanhei. Quando eu me formei não houve treinamento, acho até que eu tive um pouco de sorte por isso, porque quem procurou a empresa não precisou passar por aquele processo de seleção. Nem sei se eu teria entrado. Mas é uma questão de correr atrás, de buscar desde a época da faculdade. Mesmo não tendo a oportunidade do estágio, tem que ir atrás e fazer contatos. Eu fiz estágio em assessoria de imprensa e isso ajudou bastante. Algumas pessoas com quem hoje eu trabalho, conheci naquela época da assessoria de imprensa. Eu acho que é isso, manter sua rede de contatos e correr atrás.


(Em maio eu postei um comentário sobre os bastidores desta entrevista. Pra quem ficar curioso --> http://gulemos.blogspot.com/2010/05/um-dia-de-entrevistada.html)

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