Maria, que trabalha como operadora de telemarketing, também se esforçava nos argumentos porque, com o dinheiro que sobrasse, ajudaria o noivo a pagar a viagem à Europa, que tanto sonharam. Viagem essa que, segundo suas amigas, não saia da cabeça e era o assunto preferido no almoço. O casamento demoraria mais um ano, mas a lua-de-mel curtiria nas suas próximas férias, em fevereiro próximo.
Porém, na noite desta terça-feira, o carro que João voltava para casa bateu de frente com um caminhão carregado, ao tentar uma ultrapassagem perigosa numa curva entre “Cidade X” e “Cidade Y”. O caminhão, descontrolado, chocou-se com o veículo em que estava José dos Santos, marceneiro e pai de duas crianças, que voltava da casa da irmã adoentada. Com a gravidade do acidente, João e José morreram no local.
A família de ambos foi avisada pelos policias que chegaram ao local e o trabalho para remoção dos veículos terminou na manhã de hoje. Fora a imprudência e a avaliação da culpa dos envolvidos. Ficam os familiares, esposa, filhos e noiva, incompletos.
Toda notícia deve passar alguma informação, além de dados. Porém, com todas as dificuldades enfrentadas pelos jornalistas, o texto cai num padrão frio e rígido, sob o pretexto de “imparcialidade”. Todo acontecimento que envolve pessoas carrega histórias que precisam ser contadas.
Se primamos pela verdade, é verdade que a vida vale muito para ser reduzida à estatística.
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