segunda-feira, 28 de junho de 2010

Criador, criai e atura

026, Linha Jardim Paulista, 22:50 de um domingo.

Ela não era feia, tinha lá seu cabelo crespo e um livro na mão que não consegui ler o título. Sentei à sua frente. Ao lado um rapaz, esse sim feio, olhava com interesse. Para o livro? Não vi.

- Eu já li esse livro – disse ele. Depois emendou com algo sobre conselhos, palavras de amor e Deus salva.

Ela se sentiu mais à vontade e quis saber sobre ele. Ele disse que havia dado um daqueles de aniversário para uma amiga, que precisava de Deus. – É muito bom mesmo, eu sofri muito já, daí descobri Deus no meu caminho e pedi pra ele me liberta. – ela já falava alto, com orgulho.

A conversa inteira eu não lembro, mas disse que tinha uma amiga que a viu triste e colocou Deus no caminho dela – sim, vou repetir Deus a cada 10 palavras, era o que ela fazia – e que antes tinha muita ira, “vivia irada”, muito rancor, inveja e dor no coração dela – Deus me liberto, mas eu ainda choro muito.

Ela teve depressão pós parto. A sogra implicava, dizia ao filho que ela não queria trabalhar. Morava no Jardim Paulista. Entrava ás 17h na empresa. Saía às 22 e pegava sempre o mesmo ônibus. O cara continuava interessado.

- Eu pedi pra Deus me livra, eu chorava muito, brigava muito. Parecia que ia sair um monstro de mim. Daí Deus me livro, coloco a mão dele sobre mim e abençooô meu caminho.

Ela disse que era a última semana no emprego, precisava se dedicar mais a Deus. Porque Ele salva. Vai cantar no coral. Fazer artesanato na terça e na quarta – Porque quinta, sexta, sábado e domingo é dia de Igreja – defendia com fervor.

Porque Deus, salva.

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