segunda-feira, 6 de setembro de 2010

PJ de Maringá comemora 30 anos

Quem é ou já foi jovem sabe que esse é um período de muitas transformações, tanto físicas quanto psicológicas. É nessa fase, entre o mistério da adolescência e a maturidade da vida adulta, que surgem os principais questionamentos e a disposição para lutar por seus direitos.

A Pastoral da Juventude nasceu desse espírito de festa e luta dos jovens católicos, com foco nos sistemas juvenis de classes populares e marginalizadas. O marco inicial do movimento é a II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano de Puebla, em 1979, quando a Igreja fez uma opção preferencial pela juventude afirmando que “confia nos jovens e eles são sua esperança.”

Os anos que vieram a seguir marcaram o surgimento da pastoral em diversas comunidades brasileiras. Na Arquidiocese de Maringá, o primeiro relato de organização de jovens é de 5 de outubro de 1980, em reunião no colégio Regina Mundi.

Em 30 anos, a Pastoral da Juventude da arquidiocese se estruturou e, segundo a última pesquisa realizada, representa cerca de 3.000 jovens organizados, graças ao esforço de jovens e religiosos que contribuem nesse processo de evangelização. Para a atual coordenadora Renata Requena, o momento é de alegria, mas ainda há muito que fazer. “Necessitamos fazer chegar até as comunidades esse anseio e essa prioridade que é a vida da juventude e, pelo testemunho, envolver outros jovens no processo de evangelização”.

Contudo, a ação em favor da vida do jovem não está restrita ao trabalho religioso empenhado. O envolvimento da comunidade pela defesa e criação de políticas públicas para a juventude é essencial nesse processo. “Enquanto a juventude for prioridade apenas nos planos de pastoral e documentos da Igreja, infelizmente, nos restringiremos a evangelizar os/as jovens que estão já inseridos na nossa comunidade”, completa Renata.

DNJ 25 anos: Celebrando a memória e transformando a história

Instituído em 1985, durante o Ano Internacional da Juventude promovido pela Organização das Nações Unidas, o DNJ (Dia Nacional da Juventude) vem, ao longo dos anos, acompanhando as reivindicações que surgem na comunidade e se espelham em nível nacional. Em 2010, ao completar 25 anos, o Dia Nacional da Juventude propõe a “celebração da memória e transformação da história”, com “muita reza, muita luta e muita festa em marcha contra a violência”, respectivamente tema e lema do evento.

Para a secretária nacional da Pastoral da Juventude, Hildete Emanuele, “O papel profético, missionário e ecumênico do DNJ é de um valor histórico e evangélico impressionantes”. Segundo ela, é preciso valorizar o DNJ e realizá-lo, cada vez mais, como um processo de construção de diálogo em todo o país. “O sentimento de unidade é importantíssimo para que a nossa atividade possa ter uma cara cada vez mais nacional”, completa.

O lançamento oficial do evento será feito em missa presidida pelo arcebispo metropolitano de Maringá, Dom Anuar Battisti, no dia 18 de setembro. A paróquia escolhida para receber os jovens foi a São José Operário, por estar localizada no centro, região de fácil acesso principalmente para jovens que vêm de cidades vizinhas.

Após a missa, será a vez dos jovens levarem para suas comunidades a mensagem recebida de Dom Anuar. Para isso, cada paróquia receberá uma bandeira branca que os jovens pintarão com as mãos. No dia do evento, todas as bandeiras serão reunidas para formar uma só, com a marca de todos os jovens da arquidiocese. Segundo Renata Requena, coordenadora arquidiocesana da Pastoral da Juventude, “Nessa caminhada organizamos os grupos e suas lideranças para que seja realizado um amplo debate com as comunidades e paróquias a fim de envolver o maior número de pessoas no processo”.

Entre os jovens, a esperança é de que o evento realizado esse ano seja maior que o de 2009, quando cerca de cinco mil jovens marcharam contra o extermínio da juventude pela avenida Brasil, uma das principais de Maringá. “Com a experiência do que deu certo e o que deu errado, a gente tem de tudo para fazer esse ano melhor ainda“, confia Vinicius Faria Toná, participante de grupo, que vai para o seu terceiro DNJ.

Preparação mostra a juventude organizada

Para organizar o evento e garantir que tudo esteja pronto até o dia 24 de outubro, estão sendo realizadas desde o mês de julho reuniões entre a coordenação arquidiocesana, assessorias e líderes paroquiais.

Seguindo a estrutura utilizada o ano passado, as tarefas foram distribuídas entre as paróquias e serão coordenadas pela comissão organizadora. Para Renata Requena, coordenadora arquidiocesana da PJ (Pastoral da Juventude), “Os jovens não querem apenas estar presente no grande dia, mas querem fazer parte do processo de construção do DNJ e isso faz com que eles se envolvam e convidem outros jovens e a comunidade para trabalhar a temática proposta para este ano”.

Funções como divulgação, estrutura, saneamento, materiais promocionais e acolhida serão exercidas por jovens participantes dos grupos de base, orientados por coordenadores paroquiais. Paula Pessoa, que participa de grupo de jovens há aproximadamente três anos, diz que “É uma sensação maravilhosa você fazer alguma coisa e ver que aquilo deu certo”. Este ano Paula vai ajudar na ornamentação. “É muito bom saber que o palco que eu vou decorar, o Dom Anuar Battisti irá presidir a missa inicial. Sinto orgulho em estar lá e fazer parte desse grande evento”, completa.

Para aqueles que vão participar pela primeira vez, a expectativa é de repetir a emoção que carrega o comentário dos amigos. É o caso de Sergio Hermsdorff, que participa de grupo de jovens há aproximadamente seis meses, “Espero que tenha muita gente, parece que a organização está muito boa”.

Show de Gabriel O Pensador encerrará DNJ

Um evento da importância simbólica como o Dia Nacional da Juventude necessita, em sua composição, de elementos igualmente significativos que cumpra com a proposta geral. “Não basta ser uma banda ou cantor famoso, o ideal é que tenha uma mensagem para passar”, frisou o assessor eclesiástico da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Maringá, padre Adacílio Felix, toda vez que o assunto era a definição do show de encerramento.

E foi pautado por estes critérios que a equipe organizadora escolheu o nome do rapper Gabriel O Pensador, que promete cumprir com as expectativas. Filho da jornalista Belisa Ribeiro, Gabriel chegou a concluir o curso de Comunicação Social, mas ganhou fama com músicas ácidas de crítica social e moral. “Os próprios jovens da nossa arquidiocese escolheram o Gabriel também pelo envolvimento pessoal dele com a juventude”, lembra padre Adacílio.

Com letras carregadas de denúncia contra as injustiças sociais e anomalias do comportamento do brasileiro, Gabriel ganhou mídia e respeito nacional. Aliado ao sucesso de sua carreira, desenvolveu seu lado ativista social criando a Ong Pensando Junto, que atende crianças, jovens e adolescentes carentes da comunidade da Rocinha. Além da Ong, Gabriel dá palestras em colégios e faculdades com temas relacionados à juventude e sociedade.

Para a coordenadora arquidiocesana da Pastoral da Juventude, Renata Requena, “A proposta de trazer o Gabriel é chamar também os jovens que não estão na Igreja, não participam de nenhum grupo de jovens. Se nos restringirmos a trazer artistas do campo religioso, nos restringiremos ao público da Igreja”.

O show de encerramento marcará o fim da marcha do DNJ e será realizado na praça em frente a Setran (Secretaria de Trânsito), antigo aeroporto.

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