segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Singularidade uniforme ou Carta para ler antes do suicídio

Fujo de festas. Qualquer lugar aonde muita gente escolha ir me dá raiva. A unanimidade leva a um vazio e vazio eu já encontrei. Embalaram a cultura pra consumo e criaram rótulos para que você estampe em sua testa um atestado de inutilidade.

Eles querem te vender, você virou número, João, não precisa mais pensar.

Cansei de ouvir sobre política e dessa mania ridícula de tentar convencer os outros. Dá nojo a forma como as consciências se vendem para fazer parte de um grupo. Mentes prostitutas que demonizam adversários e supervalorizam besteiras. Pra quê, João? Só pra se convencerem que estão do lado certo.

Eu descobri que não há lado certo senão o de dentro, João. Você ficou invisível.

Nem na religião, aquele amontoado de aves-marias que se arrastam em promessas para terem a quem louvar. Mendigos de barriga cheia. Vomitam valores enquanto nadam na hipocrisia dos seus atos. Fazem o errado sob o pretexto de pecador, se humilham por não serem fortes, mas nunca saem da sombra da mediocridade religiosa. Essa porra de libertação é confinamento psicológico, João.

Ali também não é lugar limpo, João, sinto muito.

Você acha que conhece o mundo e tira suas próprias conclusões? Parabéns, João, conseguiu ser mais um. Mais um que acorda com abstinência de informação, vício de dominar tudo o que acontece. Na pressa de entender, se vende ao jogo, e eles vão fundo na capacidade de te idiotizar. Você é o robozinho deles, João, sinta-se feliz. Mas saiba, você tem data de validade.

Há quanto tempo você não cumprimenta um velhinho? Não abraça um velhinho? Não joga conversa fora com um velhinho? Tá entendendo o que eu to falando, João?

Se você acha que tem gosto próprio. Acredita que tem opinião. Pensa que seu sonho é singular. Olha para o espelho e acha que é único. Você é o que eles querem que seja. Você quer ser o que eles querem que seja. Fuja desse labirinto, João. Fuja do rebanho.

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