quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Entre pastéis

Sexta é dia de feira, desculpa para comer um pastel na praça da igreja enquanto não começo o dia. E como todas as sextas, apanhei meu jornal na banca e falei com o Marcão pra liberar um de frango e um de carne para acompanhar o café preto que peguei na padaria. Antes de sentar vasculhei a carteira, alguns trocados já pagavam e deixava uma sobra para a mocinha do caixa.

Longe o bastante para não ser tocado, mas perto o suficiente para sentir o cheiro da fritura, ele olhava a barraca e o entra e sai de gente e pastel. O pretinho rondava. Seu olhar não era de medo, mas de uma coragem doída, sangrada, de pedra, de pó, de pé no chão. Sujo, magro e descuidado, encarava de baixo, como a criatura encara o criador.

Continua aqui.

Da série "[o homem] invisível".


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