sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Palco giratório traz Agreste, de Newton Moreno

Dia 27 de outubro - Teatro Universitário da UEM
Idade Mínimia: 16 anos - Entrada Franca

Escrita por Newton Moreno, e baseada em reportagem verídica, Agreste é um drama de amor e pobreza no interior nordestino, narrado por dois contadores de história. É um vigoroso manifesto poético, uma fábula que trata ao mesmo tempo sobre intolerância, preconceito e amor incondicional.

“Desejar ser”, “ilusão”, “amar a gente” são alguns dos temas abordados na peça. Aborda também temas intensos que por séculos fazem parte do cotidiano como: amor incondicional, homoerotismo, preconceito social e ignorância. Podemos dizer que, sobretudo, o enredo da peça gira em torno da complexidade das relações humanas.

O texto de Newton Moreno tem uma estrutura aberta, mais de provocação do que naturalista. O texto da peça tem três grandes blocos. O primeiro é o tempo mítico. “Ele andava muito para encontrá-la.” Tudo é indeterminado. No segundo bloco, “naquele dia, naquela manhã...”, é o tempo focado. O terceiro é a condição psicofísica dos personagens. “O sol”, “muito tempo caminhando”.

Ao narrar a estória de um casal de lavradores nordestino, esse drama acaba por sutilmente despertar a reflexão para questões que ultrapassam as expectativas de uma estória amorosa. Sem dúvida, o amor é abordado. Mas não o amor utópico, nem tão pouco, o amor interessado ou o amor físico. Assim, questiona-se pontos do comportamento social como o preconceito, estereótipo e ignorância. Quando se pensa em um casal nordestino, tende-se a imaginar a estória de “Lampião e Maria Bonita” – ele cangaceiro, ela a bela moça de casa, juntos compartilhando a miséria do dia-a-dia e vivendo aventuras fantásticas. Mas o casal nordestino de Agreste se deu o direito de viver o que desejam ser e vão além do modelo “Lampião e Maria Bonita”. A incógnita da peça é: ilusão ou ignorância?

Mais do que analisar a complexidade das relações humanas, a peça trata do que pode ser considerado “o invisível”, aquilo que ninguém descreve ou explica, apenas sente.

O texto também é um convite a análise de comportamentos excessivamente conservadores e patriarcais de nossa sociedade. A relação heterossexual hipócrita ainda prevalece sobre uma relação homossexual franca. Ao mesmo tempo, a ignorância não é nem corrigida, nem perdoada.

A estória que se passa no meio da seca, e com uma narrativa nada conservadora, e como já citado, conta a história de um casal de lavradores simples, vizinhos, que descobre o amor e foge de sua terra, pressentindo que "algo" de perigoso paira sobre seu amor. Precisam encontrar outro lugar para poder viver seu amor.

A morte de um deles, porém, traz uma revelação surpreendente que muda o curso da história. A esposa vem a compreender o porquê, "nos depois", após a morte do marido. Essa mulher machucada pela perda, sem entender a dimensão de seus atos, acaba sendo vítima do horror e da intolerância.

Do site passeiweb.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário