quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Bolinhos que arrebatam*

Foto: Douglas Marçal
Da série de matérias sobre o "Festival Prato de Butiquim", publicada no jornal O Diário e no portal odiario.com no dia 15 de setembro.

Na cozinha da Taberna Portuguesa se misturam uns punhados de tradição, muitos anos de experiência, doses caprichadas de respeito às origens e uma pitada de inovação. A receita para o restaurante atravessar gerações é simples, e o concorrente a melhor petisco no Festival Prato de Butiquim não poderia ser outro senão o já tradicional, bolinho de bacalhau.

O petisco, que carrega o sabor mais característico da cultura lusitana, é preparado pelas mãos de dona Neuza Câmara há quase trinta anos. Rodrigo Câmara de Souza, neto de dona Neuza, diz que a receita segue o modelo tradicional, com uma diferença. 

“A massa leva azeite, bacalhau e batata, mas não colocamos farinha, como as outras. Quando o alimento é empanado a farinha acaba mascarando o sabor do bacalhau”. Souza, que aprendeu a cozinhar com a avó, diz que o ponto da massa é o “grande segredo da casa”.

Formado em gastronomia há dois anos, o neto da família está cursando pós-graduação em administração para continuar tocando o negócio. E se em muitas famílias a tradição é pouco levada a sério, na Taberna Portuguesa isso já está bem resolvido.

“Eu praticamente nasci nessa cozinha, dormia em baixo da mesa e ajudava a lavar copos quando precisava”, lembra Souza. Com o neto, o restaurante chega à sua terceira geração para orgulho do patriarca da família, o seo Manuel Câmara.

Quando veio para o Brasil, em meados do século passado, o português, então com 18 anos, trazia muito mais que um sotaque inconfundível. O apego de seo Manuel às origens sempre o manteve próximo das comunidades lusitanas, primeiro no interior de São Paulo, depois em Maringá, quando veio e participou da fundação do Centro Português, há quase 50 anos.

Filha do seo Manuel e mãe de Rodrigo, Solange Câmara de Souza lembra que foi nessa época que dona Neuza aprendeu os detalhes da culinária lusitana e passou a cozinhar para o centro. “Toda sexta-feira tinha bolinho de bacalhau em casa. Em pouco tempo tivemos que organizar quem ia comer em casa e em qual dia”.
 
Da cozinha caseira para um restaurante próprio foi rápido, e agora dona Neuza e suas “meninas” – como chama as funcionárias – cuidam do almoço e jantar dos clientes da Taberna, “além das vezes que trabalham como voluntárias na Festa das Nações, servindo bacalhau a preço de custo”, completa Solange.

Quem visitar a Taberna Portuguesa para provar dos tradicionais bolinhos de bacalhau que concorrem no festival, ainda terá uma carta de vinhos do porto à disposição, escolhidos a dedo pelo seo Manuel.

Box:
O bolinho de bacalhau da Taberna Portuguesa concorre ao prêmio de “Melhor Petisco”. O “Festival Prato de Butiquim” será realizado de 01 a 20 de novembro e teve 41 estabelecimentos inscritos.

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