
Em pouco mais de uma hora, os componentes da mesa falaram sobre o péssimo costume de tratar cultura como espetáculos artísticos, esquecendo do que realmente significa “cultura”. Esse jornalismo de agenda, como especificou Bulgarelli, acaba tirando o espaço da interpretação do cotidiano, do modo de ser, agir e falar que torna os textos cada vez mais frios.
Presos a exemplos do cotidiano e um conceito homogêneo, os jornalistas promoveram um belo debate, porém superficial e com um consenso: o jornalismo cultural está em crise. E escolheram como possível solução um novo tipo de abordagem, papel de um jornalista mais criativo e sensível às “cores” e o “cheiro” do povo.
Segmentação:
O papel do jornalista é um tanto ingrato e está aliado a um estudo interminável sobre tudo. O que o torna um especialista em generalidades, em outras palavras, aprende a falar sobre tudo e não dizer nada. Um jornalismo superficial transmite um conceito incompleto e distorcido da realidade, o que não deixa de sanar a necessidade de informação do leitor, mas o torna refém desta.
E ai o velho conceito de segmentação entra em pauta. Não só o jornalismo, mas todas as áreas de estudo precisam abrir espaço para as especializações, que condicionam o olhar do profissional a determinado assunto, de modo que este possa se aprofundar num estudo específico e assim domina-lo. O mundo de hoje exige isso.
Por que então não fazer com o jornalista?
Fala-se de crise do jornalismo impresso, corte de cargos nas redações, diminuição na estrutura do texto, competição com o on-line. Se o jornalismo não for abastecido por estudo e pesquisa, este realmente será o caminho.
Cultura?
Por outro lado, se cultura é toda forma de expressão dos costumes e ensinamentos adquiridos (ou algo do tipo), ela não pode ser restrita a uma editoria. Deve estar presente em todo relato que for feito, desde futebol à economia.
Falta, então, sensibilidade para tratar os fatos e indivíduos envolvidos na notícia. E isso exige tempo para apuração e criação do texto, assim como vontade do jornalista em fazer diferente.