terça-feira, 3 de maio de 2011

Formação técnica tem boas perspectivas

Investir em meio ambiente passou a ser uma boa oportunidade, tanto para funcionário quanto para empresas da região

Valdecir Leonardi, 42, caminha pelo corredor principal do Hospital Universitário de Maringá (HUM) apontando um galpão anexo onde será instalada a futura usina de tratamento de resíduos sólidos. A formação de Técnico Ambiental adquirida em um curso profissionalizante o capacita a trocar o cargo na lavanderia do hospital por uma vaga na sua área de formação. “De todos os cantos surgem vagas. Como eles [diretoria do HUM] dão prioridade para remanejamento interno, aqui, com a usina, eu tenho um caminho muito interessante”.

Seguindo a lógica dos cursos profissionalizantes, o curso de Técnico em Meio Ambiente prepara o aluno para rápida inserção no mercado de trabalho. Apto a coletar, armazenar e interpretar informações, dados e documentos ambientais, o técnico ambiental também poderá colaborar com a elaboração de laudos, relatórios e estudos; atuar na organização de programas de educação ambiental, conservação e preservação de recursos naturais, redução, reuso e reciclagem.

Em Maringá, o curso é oferecido desde 2005 no Colégio Estadual Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizado na Zona 05, e já formou cerca de 300 profissionais em dez turmas. Segundo a coordenadora do curso, Luceide Eloísa Loubak, a cidade oferece grande campo para inserção dos recém formados. “Tanto pela destinação dos resíduos sólidos - que é um assunto muito discutido - quanto por outros aspectos como a arborização, contaminação de solo e fundos de vale. Maringá é uma cidade rica em meio ambiente”.

Situado numa área preservada de 2,5 alqueires, ao lado do Horto Florestal de Maringá e próximo a três reservas permanentes, o colégio é, na prática, um laboratório ambiental, o que facilita a aplicação do que é visto em sala de aula. O curso pode ser feito em dois anos – para quem já terminou o segundo grau – ou em quatro anos, com matérias específicas integradas ao ensino médio. Os formados saem com certificado de conclusão e registro como técnico no Conselho Regional de Química e no Conselho Regional de Engenharia Civil e o salário base gira em torno de R$ 1.200. A turma que começou este ano foi fechada com o limite de inscritos, 50 alunos, e teve lista de espera.

A boa fase do curso pode ter explicação na lei 16.346, publicada em janeiro do ano passado, que obriga as empresas potencialmente poluidoras do estado do Paraná, a contratarem responsável técnico em meio ambiente, seja colaborador interno ou serviços terceirizados. Consideram-se potencialmente poluidoras empresas que exerçam atividades como extração e tratamento de minerais, indústria de madeira, indústria de papel e celulose, indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações, indústria mecânica, indústria metalúrgica, indústria química, dentre outras. Frente às demais graduações em gestão ambiental como o Bacharele a Tecnólogo, os cursos profissionalizantes se destacam por oferecer mão de obra mais barata.

Para Alisson Adamo Andrade, representante de uma empresa de consultoria ambiental com filial em Maringá, seja por força da legislação ou preocupação da empresa, os empresários da região começam a perceber o cuidado com o meio ambiente como uma forma saudável de aliar a marca da empresa a uma boa experiência para o consumidor. “Eles [empresários] começam investindo por obrigação, até porque tem muita cobrança. Bancos e financiadoras, por exemplo, exigem laudos ambientais específicos. Depois percebem ser um bom caminho para um brand marketing”. A inserção do meio ambiente na pauta das grandes empresas impulsiona a oferta de vagas no setor. “Estamos, inclusive, fechando a contratação de estagiários aqui na cidade”, completa Andrade.

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