terça-feira, 21 de junho de 2011

O coração de um hospital - Parte I de IV

Foto: Ana Luiza Verzola

“Aqui é como um corpo que precisa estar em funcionamento. Eu me sinto bem ajudando a salvar vidas.”

Pelo corredor largo, ladrilhado em azul claro, silêncio e o cheiro que caracteriza um hospital em qualquer lugar do mundo. Às vezes um ou outro funcionário de botas e luvas e, eventualmente, uma maca apressada com três ou quatro residentes em volta. Quem conhece a rotina do Pronto Atendimento do Hospital Universitário de Maringá (HUM) não imagina a calmaria das demais dependências do complexo de saúde.

Arrastando uma espécie de grande baú com rodinhas, abarrotado de lençóis, um sujeito alto e magro atravessa o corredor e o silêncio. Não fosse o uniforme e a touca de rendinha, Leonardo Bérgamo, poderia muito bem ser confundido com um mordomo clichê dos filmes de terror americano. Do alto da sua meia idade e dono de um sorriso quase contido, cumprimenta a simpatia de uma das zeladoras e arrasta o carrinho para dentro da ala das UTIs. As roupas de cama utilizadas durante a noite já haviam sido trocadas e agora se amontoavam no expurgo - um tipo de despensa presente em todas as alas do hospital.

Agora com o dobro de peso, o carrinho volta ao corredor arejado que liga todas as alas como uma coluna vertebral. Do ambulatório à Imagenologia, das UTIs à bioquivalência, sem esquecer o Centro Cirúrgico e a Clínica Médica, todos são caminho e parada para o carrinho de Bérgamo que, estufado, segue o rumo da lavanderia ao final da primeira ronda do dia.

À porta da sala de máquinas, um senhorzinho Márcio Rodrigues, dá as boas vindas ao emaranhado de pano e excreções humanas. Devidamente protegido com avental, máscara, luva, capacete e um estômago duro na queda, é ele quem faz a separação das peças para lavagem: sujeira leve e urina para um lado; fezes, sangue e demais fluídos possíveis, para outro.

A classificação, necessária para indicar o número de lavagens pelas quais a peça deverá passar, não é a maior dificuldade da rotina de Rodrigues. O complicado mesmo é dar conta de 1,6 tonelada de peças por dia, com apenas duas máquinas industriais de 50 quilos. "Seria necessário, pelo menos, mais duas máquinas de 100 [quilos]", explica Rosemari Jaqueline Julião, a encarregada da lavanderia que, por hora, cumpre a função de chefe substituta da lavanderia e limpeza, enquanto a titular está de férias.

Primeira de quatro partes da reportagem criada para a revista Eu Tenho Profissão, quando precisei trabalhar no Hospital Universitário de Maringá para acompanhar a rotina dos Auxiliares Operacionais da ala de lavanderia e zeladoria. A revista Eu Tenho Profissão é uma publicação laboratorial do 3º ano de jornalismo do Cesumar sobre a orientação da professora Rosane Verdegay de Barros.

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